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Momento Projeto de Oração - Santo Inácio e os Exercícios da Vida Cotidiana



Uma data marcante neste mês de julho é o Dia de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, celebrado em 31 de julho pela Igreja Católica, por ser a data de sua morte, ocorrida no ano de 1556, em Roma.

O legado de Santo Inácio não pode ser resumido à fundação da ordem jesuíta - o que já uma considerável contribuição. Nosso papa Francisco é jesuíta e inúmeros colégios espalhados pelo país, administrados pela Companhia (como o Antônio Vieira, em Salvador) levam hoje a espiritualidade inaciana para o ambiente da educação. São apenas alguns exemplos deste legado.

Na verdade, Inácio deixou para os leigos metodologias de oração que, se praticadas, abrem as portas do coração do praticante para Deus e o imerge numa espiritualidade pautada na liberdade do ser humano em fazer escolhas, a partir de um discernimento que o insere na história de Jesus Cristo e o posiciona nos dias de hoje, em sua própria vida.

Inácio era leigo quando criou os seus Exercícios Espirituais, a mais conhecida destas metodologias; entre os católicos, também conhecida como EVC (Exercícios da Vida Cotidiana). Foi um homem de opções fortes e intensas. Nasceu em família rica, em Loyola, na Espanha, em 1491, e abandonou a carreira militar aos 26 anos, quando resolveu mergulhar nos estudos da espiritualidade, abraçando a evangelização como vocação.

Um episódio marcante em sua vida e que o fez ‘mudar a direção’ foi quando foi atingido por uma bala de canhão numa batalha em que decidiu “ficar até o fim”, mesmo sabendo da desproporcionalidade do exército inimigo, infinitamente maior e mais equipado. A recuperação da perna foi dolorosa e o fez mergulhar nos estudos. Teve até que quebrá-la novamente porque estava cicatrizando de forma errada.

Inácio foi denunciado à Inquisição e preso, por reunir discípulos, até que sua inocência foi reconhecida. De 1522 a 1523 escreveu os exercícios, baseados em sua experiência de encontro com Deus, através de reflexões que levaram em conta sua própria humanidade.

Um dos principais conceitos dos exercícios de Santo Inácio é o discernimento e a indiferença: “o que importa é amar e servir”. Para Inácio, conquistar a liberdade é conquistar a indiferença, entregando a vida para realizar a vontade do Pai e o serviço para Seu Reino. Ele nos ensina a enxergar a vontade de Deus para nós e, acima de tudo, aceitá-la, tornando-se, assim, indiferente para as escolhas do Pai para nossas vidas.

Fazendo os exercícios, o leigo é convidado a conhecer suas metodologias de oração, como a meditação e a contemplação. Na meditação, o cristão coloca-se na frente de Deus por meio do silêncio (interior e exterior) e abre o coração para a Palavra. Deixa-a fluir e a insere na sua vida por meio do que mais capta a atenção na leitura bíblica.

Na contemplação, o cristão é convidado a revisitar a história de Jesus e sua obra, despojando-se de sua própria história, para falar com Deus. A oração inaciana nos conduz a mergulhar em nossas fraquezas e em nossos “mananciais”, por isso tem a humanidade como característica central para, a partir daí, buscar essa “indiferença”. Santo Inácio acredita que palavras, sentimentos, pensamentos, cenas, que surjam durante o exercício da oração são o próprio sopro divino nos falando algo, nos conduzindo. Basta estar “em sintonia”.

Por isso que o hino de Santo Inácio, tão cantado entre católicos, começa com “tomai, Senhor, e recebei, toda a minha liberdade...”. Que tenhamos os ensinamentos de Santo Inácio de Loyola sempre vivos e suas orações presentes em nosso cotidiano!

Movimento Escalada em Salvador, 10 de julho de 2017.

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